A foto ao lado é o registro do médium Chico Xavier, conduzindo um dos encontros de estudo, que realizava todos os sábados à tarde na sombra de um abacateiro, em Uberaba, MG, pelo que se tem notícia, desde o ano de 1974. Como no cristianismo primitivo, pessoas de diferentes crenças, escolaridade e posições sociais estavam reunidas e interessadas para travar conhecimento com os princípios norteadores dos ensinamentos da "boa nova espírita".
Sob a inspiração e orientação de Emmanuel, Espírito mentor de Chico, e apesar de não se tratar de estudo dirigido e sistematizado, seguia-se uma certa ordem no transcorrer da reunião doutrinária. Via de regra, após a prece inicial, proferida por um auxiliar de Chico, eram lidos trechos do Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos. Num ambiente marcado pela simplicidade, descontração e bom humor, extraiam-se ensinamentos morais e religiosos úteis à problemática vivencial e existencial humana. Dentre outros assuntos abordados, destacavam-se aqueles relativos ao perdão das ofensas, ao desapego material, à prática da caridade, ao exercício da fraternidade e da tolerância.
Coerente com a autonomia do livre pensar, proposta enunciada por Allan Kardec e por pensadores espíritas em obras complementares, outras pessoas eram também convidadas a comentar os seus entendimentos, pelo tempo aproximado de 4 minutos, compartilhando dessa maneira diferentes pontos de vista, saberes e ações.
Ao término da reunião doutrinária, Chico destacava as consequências morais e religiosas decorrentes do aprendizado adquirido naquela tarde. Finalmente, fazia-se a prece de encerramento, agradecendo à Espiritualidade Maior pelo amparo e pelas lições recebidas. Depois, acontecia o congraçamento afetivo e fraternal entre os presentes.
Julio Cesar de Sá Roriz, fundador do Tarefeiros, inspirado nessa singela forma de Chico Xavier reunir pessoas em torno de temas espíritas, criou a atividade denominada Sala de Conversa, no ano de 2005, na antiga IETB - Instituição Espírita Tarefeiros do Bem.
Experiência pioneira no movimento espírita, a Sala de Conversa caracteriza-se por um grupo de pessoas interessadas em compartilhar conhecimentos adquiridos da vida cotidiana. Certamente, todos nós possuímos necessidades e anseios, cujas dificuldades em atendê-los podem nos causar sentimentos de frustração, dor, angústia e sofrimento. A percepção individual subjetiva, sobretudo a respeito dos episódios que envolvem as atividades do dia a dia, nem sempre possibilita que sejam percebidos caminhos alternativos para transcender as limitações pessoais. No entanto, quando nos encontramos numa situação de acolhimento em grupo, emergem naturalmente a construção de relações de confiança e a promoção da solidariedade entre os participantes. O resultado disso tudo é que, em razão da unidade de pensamentos em torno de temas relacionais, poderá se identificar semelhanças e diferenças de experiências, ideias, crenças e, o que é mais importante, novas formas de superação dos próprios limites.
Os trabalhos são dirigidos por coordenadores devidamente treinados e capacitados na condução de Sala de Conversa. De forma semelhante à experiência de Chico Xavier na sombra do abacateiro, inicia-se a reunião com as boas-vindas aos participantes e, em seguida, com a prece inicial, preparando-se assim o ambiente para um clima favorável à integração harmoniosa dos presentes. Em particular para aqueles que estão vindo pela primeira vez ao Tarefeiros, são fornecidas informações básicas sobre a proposta doutrinária espírita que envolve esse tipo de experiência grupal. Como não se trata de estudo da Doutrina Espírita, para participar, você não precisa possuir conhecimentos espíritas.
Após essas etapas preliminares, é lida uma mensagem psicográfica ditada por autores espirituais reconhecidos e recomendados no meio espírita, como por exemplo, Emmanuel, André Luiz, e outros. O coordenador dirige, então, questões relevantes ao grupo, procurando estimular a troca de experiências vivenciais. Através desse aprendizado a pensar, entre tantas outras consequências, a descoberta de novos conhecimentos e abordagens de situações vivenciais fazem com que a percepção coletiva amplie a individual. Acrescente-se a isso, o exercício de colocar-se no lugar do outro contribui sobremaneira na realização do "bom combate" para vencer a nós mesmos todos os dias na superação dos próprios problemas.